quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Desenvolvimento sustentável no Brasil

Angelo Tiago de Miranda e Cassio Eduardo Fonseca


A redução do desmatamento na Amazônia e a utilização de energia elétrica advinda de fontes renováveis (46% da oferta interna de energia vem de fontes renováveis), são importantes mas insuficientes para se caracterizar uma verdadeira política de desenvolvimento sustentável no Brasil.

São pequenas no meio empresarial as práticas voltadas à exploração sustentável dos recursos e dos potenciais da Amazônia. Setores empresariais e do governo tem ainda a inadequada idéia de que a vocação da região é a produção de carne, soja, madeira de baixa qualidade, minérios e energia, atividades que comprometem a biodiversidade e geram dividendos particulares. Além disso, ao mesmo tempo em que se reduz o desmatamento na Amazônia, amplia-se de maneira alarmante a devastação do cerrado e da caatinga.

De outro lado, não se pode dizer que a característica da matriz energética brasileira represente por si só uma estratégia de desenvolvimento sustentável, pois paira sobre as fontes brasileiras a dúvida a respeito dos impactos socioambientais de sua expansão. Em relação ao etanol, há problemas quanto aos impactos de sua expansão no cerrado. Já o biodiesel que deveria ter grande presença de mamona, hoje é produzido à base de soja (85% da oferta total), cuja eficiência energética é baixa. Além disso, há a dificuldade de diversificar o uso de fontes alternativas de energia, como a solar e a eólica. Contudo, o que mais chama a atenção é o contraste que existe no setor industrial representado pela unidade de produto fabricado. De fato, em cada produto fabricado há uma menor emissão de gases de efeito estufa, só que em contrapartida, há um aumento preocupante na quantidade de energia e de materiais gasta no processo de fabricação. O desafio atual é produzir emitindo menos carbono, mas usando menos energia.

Os exemplos aqui mencionados mostram que o Brasil apresentou importantes progressos nos últimos anos, mas que estão ameaçados pela falta de uma estratégia de desenvolvimento sustentável.

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