sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Inspeção veicular

O início do governo do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, quase começou com uma baixa na pasta de Verde e Meio Ambiente por causa da famigerada inspeção veicular. O prefeito, procurando cumprir com o prometido na campanha, manifestou o seu interesse de não mais cobrar a taxa de inspeção veicular dos munícipes – hoje no valor de R$47,44 – e a cada dois anos, obrigar os veículos com mais de cinco anos de uso a se submeterem a inspeção. Essas ideias foram totalmente refutadas pelo vereador Roberto Tripoli e pelo seu partido, o PV (Partido Verde) que havia sido o escolhido para assumir a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. Com a sua desistência, foi escolhido o vereador Ricardo Teixeira (PV), mas dias antes da posse do prefeito, também sinalizou desistir do cargo, por discordar das ideias de Haddad referentes à inspeção veicular. Após reuniões Siqueira resolveu aceitar comandar a secretaria.

Os ambientalistas são contra o modelo que o novo prefeito de São Paulo pretende implantar no município. Alegam que, como em outras partes do mundo, a inspeção veicular deve continuar da forma que está, com a obrigatoriedade de todos os veículos passaram pela inspeção a cada ano e que ela deve ser cobrada.

Em partes, sou a favor que haja a inspeção veicular nos moldes do pensado por Haddad, pois um veículo com apenas cinco anos de uso dificilmente irá apresentar problemas com a quantidade de emissão de gases poluidores. Além disso, com a quantidade de impostos pagos por nós, em especial o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), acredito que o governo tem capacidade financeira para isentar os proprietários dos veículos de pagarem uma taxa para passarem por uma vistoria. Já o tempo estipulado de a cada dois anos para que ocorra a inspeção, poderia ser alterado para cada um ano, da forma que está, devido a mudanças que podem ocorrer num veículo durante um ano de uso.

Deve-se ressaltar que além dos veículos paulistanos que percorrem o município, há uma frota flutuante de veículos vindos de outros municípios do estado e do Brasil que entram e saem de São Paulo. Esses, muitas vezes com problemas mecânicos alteram a atmosfera do município, contribuindo ainda mais para o já poluído ar de São Paulo. Portanto, num primeiro momento, defendo a inspeção veicular não só para os paulistanos, mas para todos os outros 644 municípios do Estado, ideia já aventada tempos atrás pelo atual secretário estadual do Meio Ambiente, Bruno Covas (PSDB).

Num segundo momento, deveria haver uma inspeção abrangendo todos os municípios brasileiros, pois, vale lembrar que a poluição não respeita limites de estados e, além disso, conforme preconiza a Constituição Federal em seu artigo 225 “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Farsantes & Fantasmas, de Antonio Carlos Olivieri

Acostumado a publicar livros paradidáticos e ficcionais infanto-juvenis, dessa vez o escritor Antonio Carlos Olivieri publicou pela Editora Record uma obra ficcional voltada para o público adulto. Trata-se do livro "Farsantes & Fantasmas", lançado em abril de 2012.


A obra é um romance policial escrito de forma divertida que conta os bastidores da produção editorial de um livro. Como todo livro do gênero policial, temos um crime, a figura de um detetive e um suspeito. Mas a tônica do livro não é essa, sendo que esse entrelaçamento entre o crime, o suspeito e o detetive, somente ocorre nos capítulos finais da trama. 

O pano de fundo da história é a vida de Moreira, mais especificamente o seu trabalho como ghost writer (escritor fantasma). Ele é um jornalista que trabalha para um inescrupuloso dono de uma editora, o Zé Augusto Pavão Lobo, e é a partir dessa relação que ocorre o desenrolar da história aonde outros personagens vão surgindo, tais como a sensual Lucila Napolitano, em que Moreira é contratado para "transformar" a sua tese de doutorado num livro; o delegado Lopes Cliff, um sujeito esquisito na aparência, mas infalível na resolução de crimes e o inescrupuloso e cafajeste analista psiquiátrico, Dr. Paul Mahda.

Pavão Lobo sempre contrata o Moreira para que ele escreva livros para sujeitos que possuem desejo de lançar uma obra, mas não tem competência para escrever sequer uma linha. Aproveitando-se disso, Pavão Lobo explora as suas vítimas, desejosas para serem reconhecidas como escritoras e, quem sabe, até ficarem famosas com uma vendagem espetacular dos seus livros. É nesse tipo de negócio que a Editora Pavão Lobo trabalha e tem o Moreira como funcionário número um.

Num desses trabalhos, Moreira conhece Lucila, por quem se apaixona loucamente e também o safado Dr. Paul Mahda, um psiquiatra considerado "das estrelas", por somente atender atrizes, top models, políticos entre outras celebridades. O Dr. Paul Mahda resolve escrever um livro, mas culpa a falta de tempo, que na verdade, conforme as conversas que Moreira tem com o psiquiatra para a produção do livro, percebe que é mais falta de competência dele do que a falta de tempo. A partir desse trabalho é que a vida de Moreira se torna um inferno, envolto numa complexa trama, surpreendente e sórdida, cujo desfecho seria inevitavelmente pontuado com violência e sangue (p. 16).

O livro é bastante atual nessa questão do mercado editorial em que muitos querem ser escritores, mas poucos têm condição de escrever sequer um parágrafo e daí recorrem ao artifício de escritores fantasmas contratado por editoras que somente querem ficar com o dinheiro das vítimas, não primando pela qualidade do livro.

Saliento também a escrita feita de forma satírica, cômica pelo autor, que deixa a história muito mais gostosa de ser lida e, além disso, ressalto o lugar escolhido para o desenrolar dos fatos, que é a cidade de São Paulo. Esse aspecto aproxima ainda mais o leitor, principalmente aquele que mora em São Paulo ou conhece a cidade. Isso leva o leitor a reconhecer os lugares e, inevitavelmente, a ser inserido dentro da história. Ele passa a sentir, a enxergar a sua presença dentro da trama. Bacana!

Acredito que a forma satírica que o escritor conduziu a história, no fundo, acaba tirando um sarro de uma situação muito preocupante nos dias de hoje, que é falta de ética das pessoas.  Creio que o leitor mais atento, rirá com vários trechos da história e também refletirá sobre o universo que o escritor critica no livro.

A leitura é bastante tranquila e rápida e a trama é entendida sem segredos. Isso se deve ao fato da experiência do escritor na formação de leitores, na escrita e na publicação de livros voltados para o público infanto-juvenil. Característica, essa, que implicou também no não aprofundamento dos personagens, tal qual se costuma ocorrer em romances direcionados ao público adulto, mas isso não tira a qualidade, de modo algum, da deliciosa história presente em "Farsantes & Fantasmas".