sexta-feira, 14 de outubro de 2011

E o estado de São Paulo perdeu mais uma...

No dia 7/10, o presidente da JAC Motors no Brasil, Sérgio Habib, anunciou a construção da primeira fábrica da JAC em solo brasileiro. Com investimos na ordem de 900 milhões de reais - a maior parte do investimento será nacional via Grupo SHC, cujo dono é o próprio Habib - ela será construída no estado da Bahia, mais precisamente no município de Camaçari, distante 50 quilômetros de Salvador.

No município de Camaçari há um importante pólo petroquímico, considerado o maior complexo integrado do Hemisfério Sul, cujo funcionamento se deu no final da década de 1970. Abriga mais de 90 empresas químicas, petroquímicas e de outros ramos de atividade como indústria automotiva (Ford), de celulose, metalurgia do cobre, têxtil, bebidas e serviços.

Apesar do presidente da JAC admitir numa recente entrevista dada para o jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, que a escolha pela Bahia ocorreu por um critério afetivo - ele possui uma residência em Trancoso e também desenvolve por lá um projeto social para crianças e adolescentes -, numa certa altura da entrevista, ele disse que também que pesou os incentivos fiscais oferecidos pelo governo de Jaques Wagner.

Ainda segundo Habib, a intenção de abrir uma fábrica era antiga e, desde que a JAC desembarcou no Brasil, já havia essa intenção, gerando uma verdadeira guerra fiscal entre os estados brasileiros. Isso tem sido comum quando alguma transnacional anuncia que irá vir para o Brasil. Essas empresas, por controlarem uma grande parte do comércio mundial, bem como gerarem importantes impostos para o Brasil e alguns poucos empregos, acabam por atrair a atenção dos governos estaduais, que oferecem generosos pacotes de incentivos para tê-las em seu território (doação de terrenos, isenção de impostos, capacitação da mão de obra a custo zero para a indústria, investimento em infraestrutura*, etc.). Foi assim com a Renault (Curitiba-PR), a Peugeot-Citroën (Porto Real- RJ), a Ford (Camaçari-BA), a Toyota (Sorocaba-SP, em fase de construção) e a chinesa Chery (Jacareí-SP, em fase de construção).

* O governo baiano garantiu um investimento de cerca de R$ 100 milhões de recursos do PAC para a ampliação e modernização do Porto de Aratu, por onde a produção dos carros da JAC serão escoados.

O estado de São Paulo, que até alguns anos atrás era o campeão na atração de indústrias, começou a perdê-las para outros estados, que começaram a vencer a famigerada guerra fiscal. Não só o estado perdeu a guerra, como também as indústrias que aqui estavam começaram um processo denominado de desconcentração industrial. Os motivos são diversos, como os constantes congestionamentos, aumento do preço dos terrenos ou aluguéis, sindicatos mais organizados, leis ambientais mais rígidas, falta de espaço para a expansão, entre outros que inviabilizaram a permanência ou a chegada de indústrias.

Acredito que esse movimento de fuga das indústrias em relação ao estado de São Paulo não cessará tão cedo, visto que os outros estados brasileiros têm investido fortemente em infraestrutura, tais como portos, geração de energia elétrica, abertura de estradas, ferrovias, entre outros, não ficando atrás em relação ao oferecido por São Paulo. Além disso, há ainda a questão da mão de obra mais barata e os incentivos fiscais já citados acima. Aí a necessidade do governo paulista de propor incentivos para não perder aquelas que estão aqui e as outras que querem chegar. Afinal, está em jogo centenas de empregos e importantes somas de dinheiro obtidos com os impostos.