quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Novos tempos, velhas práticas

Nos últimos tempos discutiu-se no Brasil o uso das sacolinhas plásticas pelos supermercados. No município de São Paulo elas chegaram até ser proibidas. Na ocasião, fiquei até ansioso pela possibilidade delas darem lugar aos antigos sacos de papel de cor marrom que hoje somente vemos em alguns filmes hollywoodianos antigos, mas a Justiça brasileira, lamentavelmente, barrou a morte das sacolinhas de plástico.

Recentemente circulando por um supermercado, deparei-me com um engradado cuja embalagem dos refrigerantes era de vidro. E não era qualquer refrigerante. Era a líder do mercado mundial, que patrocina inclusive as Copas do Mundo. Verifiquei que em alguns supermercados, inclusive, compra-se refrigerante de 1 litro da mesma marca. O cliente entrega o litro de vidro vazio e com alguns poucos reais retira um litro cheinho.

Lembro-me que lá nos idos da década de 1990, havia um supermercado em Osasco que vendia a granel diversos produtos como milho, açúcar, sal, grão de bico, arroz, feijão, farinha de trigo entre outros. O funcionário do supermercado pesava o quanto o cliente queria e ele armazenava ali mesmo nos frascos que trazia de casa.

Estamos vivendo em novos tempos em que o conceito de sustentabilidade passou a ser mais discutido. A preocupação em tornar o ambiente mais saudável para todos e deixa-lo, inclusive, conservado para as futuras gerações, tem trazido, em partes, o retorno de velhas práticas, como relatado nos episódios acima.

Acredito que dentro de pouco tempo com o recrudescimento da preocupação com o meio ambiente, as empresas, as pessoas, o governo e o comércio resgatarão ainda mais velhas práticas que são mais sustentáveis do ponto de vista ambiental, como já faz, por exemplo, uma pequena loja localizada em Londres.

Na Unpackaged (http://beunpackaged.com/) não é vendido nenhuma embalagem junto com os seus produtos (a venda é feita a granel) e os clientes levam seus próprios compartimentos para carregar todos os itens comprados. São frutas, verduras, legumes, condimentos, azeite, grãos, produtos de higiene pessoal e de limpeza, biscoitos, cafés e outra variedade de produtos vendidos da forma como vieram ao mundo, ou seja, sem plástico, isopor, alumínio nem nenhum outro material envolvendo-os. 

Espero, em breve, que a experiência londrina possa ser importada pelo Brasil. Aqui essa nova prática de consumo provocará nas pessoas não só uma mudança na forma de comprar, mas também uma reflexão sobre o consumo e sobre o meio ambiente.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Além de uma simples história infantojuvenil

A paulista Maria José Dupré é sempre lembrada pelo seu romance adulto "Éramos Seis", publicado em 1943 e que recebeu inúmeras adaptações para o cinema e para a televisão. A mais conhecida foi a novela homônima produzida e exibida no SBT entre maio e dezembro de 1994 e que particularmente eu considero a melhor novela produzida até então pela emissora de Sílvio Santos.

Mas a escritora também tem uma grande quantidade de livros publicados para o público infantojuvenil, destacando a série de livros cujo protagonista é um cachorrinho que rodou alguns locais brasileiros chegando, pasmem!, até a Rússia. Trata-se do cachorro Samba, personagem principal de seis livros, publicados entre as décadas de 1950 e 1970.

O auge da carreira da escritora ocorreu na década de 1940, época em que ela escreveu a maioria dos seus livros adultos e infantojuvenis. Foi nessa década que foi publicado o livro "A Ilha Perdida" que integra o bem sucedido projeto da série "Vaga-Lume", organizado pela Editora Ática.


Entre os escritores é quase unânime a ideia de quão difícil é escrever para o público jovem. Muitos têm na mente que as suas histórias obrigatoriamente deverão deixar alguma mensagem de ordem moral para os jovens, por exemplo, mas eu acredito que a literatura infantojuvenil, na sua essência, não tem essa pretensão, apesar de observar que isso ainda paira na cabeça de muitos escritores.

Deve-se transmitir uma mensagem ou não para o jovem, compreendo que é um desafio atingir esse público. Por isso, que de vez em quando, seleciono para a minha leitura, livros infantojuvenis na tentativa de analisar aspectos técnicos da história, como, por exemplo, como que o autor costurou a história, desenvolveu a trama, construiu os diálogos, os personagens, o contexto, as paisagens entre outros. Daí a minha leitura da obra "A ilha perdida".

O livro é uma aventura ambientada no interior de São Paulo, aonde duas crianças foram passar as férias e se encantaram por uma ilha misteriosa no meio de um caudaloso rio. Decidem, então, explorar a ilha por conta própria iniciando uma aventura emocionante, cheia de suspense, perigos e tensão, aspectos que permearão toda a história. 

Da metade da obra até o final, o leitor fica tenso e ansioso sobre o que acontecerá com as duas crianças. Sozinhas numa grande ilha deserta passam por situações bem complicadas. Essas situações são exploradas muito bem pela autora como forma de deixar várias mensagens de cunho moral para o leitor, como obediência aos mais velhos, respeito aos animais e vegetais e a preservação da natureza, temas que depois de 69 anos da publicação do livro ainda são discutidas em nossa sociedade.