quarta-feira, 27 de março de 2013

Uma introdução à indústria cultural



Talvez você nunca tenha tomado conhecimento da expressão indústria cultural, mas sem dúvida, você faz parte dela ao ser consumidor dos vários produtos produzidos por ela.  É justamente essa tomada de consciência por parte das pessoas, que propõe o livro Indústria Cultural, escrito pelo Prof. Dr. Marco Antônio Guerra e pela Prof.ª Dr.ª Paula de Vincenzo Fidelis Belfort Mattos, ambos da Universidade São Judas Tadeu, instituição que também fez a publicação do livro.

A obra, de 55 páginas, configura-se no todo uma introdução ao tema da indústria cultural, mas acredito que a ideia dos autores foi mesmo apenas introduzir o leitor no assunto, despertando-o para uma realidade que muitas vezes ele desconhece.

O uso de uma linguagem simples, com citações de alguns teóricos para fundamentar as ideias dos autores e um texto recheado de exemplos, possibilita de forma descomplicada o entendimento de qualquer leitor sobre a indústria cultural, que ao final do livro, terá plenas condições de refletir e criticar sobre ela.

Ao longo do livro, o Prof. Guerra e a Prof.ª Mattos lançam algumas críticas negativas à indústria cultural, mas evitam conduzi-la a um papel de vilã. Também há críticas positivas. 
Esses contrapontos subsidiam o leitor a chegar a uma reflexão e uma conclusão, que cabe essencialmente a ele, já que ao final do livro, não há a conclusão pelos autores de tudo o que foi discutido. Se a indústria cultural é boa ou é ruim, isso carecerá da reflexão de cada leitor.

O livro é dividido em seis capítulos.
Antes do primeiro, temos uma brevíssima introdução em forma de tópicos, colocam alguns conceitos importantes para que o leitor comece a entender os mecanismos da indústria cultural. Conceitos como indústria cultural, coisificação, midicult e outros aparecem nessa parte do livro.

No primeiro capítulo, Cultura e Indústria Cultural, os autores trazem primeiramente o conceito de cultura e discutem a indústria cultural como produtora de cultura com o objetivo de se alcançar e conquistar mercados. Também há a discussão sobre a validade da visão maniqueísta que muitos têm da indústria cultural. Segundo os autores "existem produções que não se ligam à indústria cultural e nem por isso possuem qualidade de repertório ou estética. Não é o distanciamento da indústria cultural que vai possibilitar a qualidade do produto cultural". Os autores concluem o capítulo informando que "[...] ao se pensar em indústria cultura é necessário que não se perca de vista o questionamento de até que ponto é ruim e até que ponto é bom este processo".

No segundo capítulo, A Indústria Cultural veio para ficar? há a discussão da abrangência da cultura de massa e a possibilidade de tudo que existe ser coisificado e, assim, se tornar um produto para ser vendido no mercado. Por último, se discute a cultura como instrumento capitalizável, ou seja, com potencial enorme dela reverter dinheiro para a burguesia. Os escritores concluem o capítulo da seguinte forma "A burguesia só se interessa pela cultura, quando percebe que é capitalizável. E, para que funcione, é necessário estendê-la a um maior número possível de pessoas. Adquirir cultura dá status e reconhecimento de poder, principalmente com relação a objetos raros e valiosos".

O terceiro capítulo, Indústria Cultural e Mídia, discute-se a relação entre a indústria cultural e as mídias que foram surgindo ao longo do tempo. Segundo os pesquisadores, "Com a Revolução Industrial e os mecanismos de reprodução é que surge o conceito de mídia, pela necessidade de estimular o consumo. A indústria cultural estará associada a essa informação". As mídias analisadas são os jornais/folhetins, rádio, cinema e televisão. No final do capítulo há uma análise sobre o cinema brasileiro e sobre as novelas brasileiras enquanto produtos da indústria cultural.

O quarto capítulo, Verdades e Mentiras sobre o Midicult, deteve-se na análise do midcult, que é diferente do masscult por trazer elementos da cultura superior. Porém, a cultura superior nesse caso é diluída, transformada e facilitada para ser consumida. De acordo com os autores, "o midicult propõe 'o conhecimento acessível a todos', e a indústria cultural cria formas para que isto se concretize". Com inúmeros exemplos, Guerra e Mattos deixam bem claros o entendimento desse fenômeno tão bem explorado pela indústria cultural para alavancar somas cada vez maiores de lucros.

No penúltimo capítulo, Anos 70 no Brasil - Estado, Cultura e Indústria Cultural, os autores abordam um dos períodos mais difíceis por qual o Brasil passou nas últimas décadas, que foi a Ditadura Militar. Junto com esse sistema de governo, veio à censura à arte, à imprensa e às manifestações públicas visando impedir o registro das interpretações da cultura brasileira daquele momento. Isso fez com que os artistas no momento da criação, se utilizavam de subterfúgios para que as suas obras fossem aprovadas pelo órgão censor. Nesse capítulo foram analisados a música, o cinema e a literatura, enquanto formas de arte que tiveram que se reinventar para passaram pelo crivo da censura.

No último capítulo, Um uso consciente de Indústria Cultural - A Tropicália temos a análise do movimento tropicalista surgido no Brasil no final da década de 1968. O movimento abrangeu várias manifestações estéticas e pretendia uma revolução de costumes e de comportamento. Extrapolou o campo da música, inserindo-se no campo ideológico, da moda e de outras manifestações artísticas. Uma das suas intenções era além de fazer uma crítica, considerada leviana por alguns, ao regime militar, resgatar as ideias do movimento antropofágico das décadas de 1920 e 1930. Num primeiro momento configurou-se contra a indústria cultural (pelo resgate a uma cultura puramente nacional, recusando a aceitar elementos estrangeiros), mas num segundo momento, o movimento utilizou-se da própria indústria cultural para disseminar toda a arte defendida por eles. Por isso que nesse capítulo, há a afirmação que o Tropicalismo fez um uso consciente, "um bom uso" da indústria cultural para levar a todas as pessoas a sua ideologia, a sua estética e claro, o seu protesto.


A leitura do livro é essencial para começarmos a entender o fenômeno da indústria cultural e a partir daí, termos condições de sabermos como lidar com ele, pois o seu grau de influência na vida da sociedade é muito grande. Recomendo a leitura do livro principalmente pelos estudantes dos cursos de Publicidade e Propaganda e Jornalismo.

Os publicitários precisam entender o funcionamento dessa indústria que movimenta bilhões de dólares para que eles possam lançar produtos que também façam parte dela, já que o retorno financeiro é algo quase garantido. Já os jornalistas precisam conhecê-la também, haja vista que muitas das modinhas e comportamentos da sociedade são frutos da indústria cultural que com a sua força brutal, homogeneíza gostos literários, musicais, entre outros.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Lançamento do livro "Pantanal na linha-d'água"



O novo livro fotográfico da National Geographic Brasil, Pantanal na Linha d’Água, traz imagens do fotógrafo Luciano Candisani, que privilegiou composições e luzes capazes de mostrar a importância do ciclo das chuvas para a vida no Pantanal. As fotos foram produzidas em mais de um ano. Grande parte do tempo de produção, o fotógrafo ficou imerso em águas rasas e turvas, em ambientes dificilmente frequentados pelas câmeras em geral. O lançamento terá exclusividade de ser na Fnac. Imperdível!

terça-feira, 5 de março de 2013

Palestra - Romances estruturados para o mercado editorial

A Livraria Martins Fontes Paulista disponibiliza todo mês uma programação muito boa para quem curte literatura.
Da programação disponível para este mês, pincei um evento muito importante para os escritores iniciantes. Conheço o palestrante e tenho certeza que a pessoa que participar não irá se arrepender. Agora, corra para fazer a sua inscrição, já que as vagas são limitadas.

PALESTRA - ROMANCES ESTRUTURADOS PARA O MERCADO EDITORIAL
Com Felipe Colbert
INFO: 17/3 (domingo), das 14h às 18h
Apoio: Novo Século

Todos os dias centenas de pessoas encaminham seus manuscritos para as editoras na esperança de que seus livros sejam publicados. Mas você sabe exatamente se o seu livro atende a todas as exigências do mercado? Ele foi bem estruturado? Tem qualidades suficientes para interessar a um editor? 
Diferente do que muitos pensam, um livro não é feito somente com uma boa história e uma revisão competente. É preciso mais do que isso, e os segredos não estão tão escondidos quanto você pensa. 
É com este e outros conceitos que você entenderá o que o mercado editorial espera de um autor, terá conhecimento sobre as principais técnicas internacionais de estruturação de textos e construirá um documento que o auxiliará na apresentação do seu manuscrito.
Vagas limitadas! Inscrição: auditorio@martinsfontespaulista.com.br

BIO: Autor de três livros e especialista em estruturação de romances, FELIPE COLBERT possui trabalhos publicados no Brasil e na Europa. Atualmente, além de escrever e publicar seus livros, dedica-se a trabalhar textos ficcionais de novos escritores. Com visão profissional e ímpar, tem como meta potencializar a possibilidade de publicação destas obras. Dentre as funções adquiridas, as de parecerista crítico e coach, utilizando-se de técnicas internacionais de estruturação de textos. O autor também é presente em palestras e organiza workshops. Carioca, vive na cidade de São Paulo com esposa e filho.