quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Além de uma simples história infantojuvenil

A paulista Maria José Dupré é sempre lembrada pelo seu romance adulto "Éramos Seis", publicado em 1943 e que recebeu inúmeras adaptações para o cinema e para a televisão. A mais conhecida foi a novela homônima produzida e exibida no SBT entre maio e dezembro de 1994 e que particularmente eu considero a melhor novela produzida até então pela emissora de Sílvio Santos.

Mas a escritora também tem uma grande quantidade de livros publicados para o público infantojuvenil, destacando a série de livros cujo protagonista é um cachorrinho que rodou alguns locais brasileiros chegando, pasmem!, até a Rússia. Trata-se do cachorro Samba, personagem principal de seis livros, publicados entre as décadas de 1950 e 1970.

O auge da carreira da escritora ocorreu na década de 1940, época em que ela escreveu a maioria dos seus livros adultos e infantojuvenis. Foi nessa década que foi publicado o livro "A Ilha Perdida" que integra o bem sucedido projeto da série "Vaga-Lume", organizado pela Editora Ática.


Entre os escritores é quase unânime a ideia de quão difícil é escrever para o público jovem. Muitos têm na mente que as suas histórias obrigatoriamente deverão deixar alguma mensagem de ordem moral para os jovens, por exemplo, mas eu acredito que a literatura infantojuvenil, na sua essência, não tem essa pretensão, apesar de observar que isso ainda paira na cabeça de muitos escritores.

Deve-se transmitir uma mensagem ou não para o jovem, compreendo que é um desafio atingir esse público. Por isso, que de vez em quando, seleciono para a minha leitura, livros infantojuvenis na tentativa de analisar aspectos técnicos da história, como, por exemplo, como que o autor costurou a história, desenvolveu a trama, construiu os diálogos, os personagens, o contexto, as paisagens entre outros. Daí a minha leitura da obra "A ilha perdida".

O livro é uma aventura ambientada no interior de São Paulo, aonde duas crianças foram passar as férias e se encantaram por uma ilha misteriosa no meio de um caudaloso rio. Decidem, então, explorar a ilha por conta própria iniciando uma aventura emocionante, cheia de suspense, perigos e tensão, aspectos que permearão toda a história. 

Da metade da obra até o final, o leitor fica tenso e ansioso sobre o que acontecerá com as duas crianças. Sozinhas numa grande ilha deserta passam por situações bem complicadas. Essas situações são exploradas muito bem pela autora como forma de deixar várias mensagens de cunho moral para o leitor, como obediência aos mais velhos, respeito aos animais e vegetais e a preservação da natureza, temas que depois de 69 anos da publicação do livro ainda são discutidas em nossa sociedade. 

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