domingo, 4 de março de 2012

Um livro para as crianças e também para os adultos


Certa vez, ouvi de um palestrante, que a quantidade de invenções no Brasil andava em baixa devido à falta de curiosidade das nossas crianças. Em tempos de globalização e renda maior por parte dos brasileiros, novos produtos de lugares pertos e longínquos chegam facilmente a nossa casa e também são trocados por outro facilmente.

Os jovens recebem o pronto e assim que enjoam de um produto ou há o lançamento de uma versão melhor, eles abandonam e vão atrás do outro. Eles não procuram entender o funcionamento de um produto, bem como, não tentam criar novos sistemas, novos mecanismos para um já existente. Por sua vez, a escola também não sabe estimular até agora, de forma adequada, a curiosidade, a inventividade e a criatividade de nossos alunos. Resultado: temos jovens sem curiosidade e com isso, sem a criação de novos pensamentos, atitudes, produtos, etc. O físico Albert Einstein, disse certa vez, que “a tarefa essencial do professor é despertar a alegria de trabalhar e de conhecer”, tarefas essas que andam tão escassas nas escolas brasileiras.

Nesse assunto de curiosidade, cai como uma luva a leitura do livro “A curiosidade premiada”, dos autores Fernando Lopes de Almeida e Alcy Linares, publicado pela Editora Ática em 1985. Apesar de a obra ser pequena em número de folhas (apenas 34 páginas), a mensagem que transmite para as crianças e também para os adultos é enorme.

O livro narra à vida da pequena Glorinha, marginalizada pelos adultos por causa da sua grande curiosidade. Os seus pais, assustados recorrem a uma senhora, a dona Domingas, que sabiamente foi dando conselhos aos seus pais no intuito de resolverem a situação. O ponto alto do livro foi o conselho dado pela senhora Domingas para os pais de Glorinha, que também serve para todos nós, adultos. Além disso, a resposta dada por Glorinha quando indagada pelos seus pais a respeito do prêmio que deveria receber pela sua curiosidade, é de gerar em todos os leitores uma grande reflexão.

A obra é indicada para as crianças em fase de alfabetização, mas não tenho medo de errar ao indica-lo também para os adultos, pela importante mensagem contida na obra. Às vezes, esquecemos que vivemos num planeta interessante e repleto de possibilidade de aprendermos algo novo com ele. Basta termos curiosidade e ir atrás das respostas.

Como professor, reparo que a curiosidade dos meus alunos anda bastante adormecida nos últimos anos. Nas aulas, eles ficam esperando as respostas prontas para todas as suas perguntas. Poucos têm a curiosidade de ir atrás das respostas, perguntar para aqueles que trabalham com algo que tem haver com a sua dúvida ou simplesmente pesquisar. Reparo também que a maioria dos meus colegas docentes fornece respostas prontas para os seus alunos e quando esses mesmos professores têm alguma dúvida, agem iguais aos seus alunos, não vão atrás da resposta, guardam a dúvida nas gavetas dos seus cérebros ou perguntam para outros docentes.

O livro nos impele a perguntar mais e pesquisar mais. Por meio disso começamos a entender melhor o mundo em que vivemos, entendemos melhor o funcionamento do universo, das coisas que nos rodeiam e da nossa vida. Ser curioso é adquirir novos conhecimentos, sempre. Enquanto a maioria somente utiliza um produto, contempla a natureza ou lê um livro escrito por alguém, o curioso aprende sobre o funcionamento do produto e da natureza e sobre quem foi à pessoa que escreveu aquela obra. Isso, sem dúvida, gera um aprendizado. Ser curioso leva-nos a valorizar mais o conhecimento, as pessoas, os processos que levaram ao surgimento de um objeto, de uma flor, de um oceano, por exemplo. Ser curioso é fazer perguntas e mais perguntas, e as respostas, muitas vezes, nos faz mudar a nossa visão de mundo, o nosso comportamento e as nossas atitudes.

Quem ler o livro, com certeza, passará a valorizar as perguntas feitas por alguém para você. Verá que uma situação de pergunta poderá se traduzir numa oportunidade única e rica de levar alguém à magia da pesquisa, da indagação e do descobrimento e assim, quem sabe, poderá nascer outros Einsten’s (físico), Dumont’s (inventor do avião), Bell’s (inventor do telefone), Fleming’s (inventor da penicilina), entre outros.

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