sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Um encontro agradável

No último fim de semana a Biblioteca de São Paulo realizou mais uma edição do ciclo de bate-papos Segundas Intenções, que propõe a aproximação de autores do público-leitor.

O convidado foi o escritor e roteirista de cinema Marçal Aquino, autor das obras O invasorFamílias Terrivelmente Felizes e Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios, e co-reteirista do filme O cheiro do ralo. 
O evento teve curadoria do jornalista e crítico literário Manuel da Costa Pinto, responsável também pela mediação do bate-papo.
Foi a primeira vez que eu participei do Segundas Intenções. Adorei o formato do encontro. Os leitores ficam bem à vontade para fazer perguntas o tempo todo e, enquanto ninguém faz, o mediador vai sabatinando o escritor.
Eu conheci o Marçal Aquino quando ainda era garoto ao ler quatro de seus livros da clássica coleção Vaga-Lume, publicada pela Ed. Ática. Os livros eram direcionados para o público infanto-juvenil e os títulos que eu li foram A Turma da Rua Quinze, O Jogo do Camaleão, O Mistério da Cidade Fantasma e O Primeiro Amor e Outros Perigos. Anos depois, verifiquei que ele publicou vários livros para o público adulto. Infelizmente até o momento não tive ainda a oportunidade de ler nenhum deles, que é uma pena, pois todos eles receberam boas críticas.
Sempre gostei do jeito que ele conta as suas histórias e passei a admirá-lo ainda mais pelas entrevistas que ele vive concedendo e a última na Biblioteca de São Paulo foi maravilhosa. 
Aquino é um escritor que gosta de estar na rua ouvindo conversas alheias, como ele mesmo disse. Isso é o combustível para as suas histórias. Portanto, apesar das suas histórias serem de ficção, elas acabam tendo um lastro real, deixando-as bem mais interessantes por terem esse ingrediente, esse conteúdo real.
O encontro com os leitores no último sábado foi muito agradável. Marçal Aquino contou a sua trajetória como leitor e escritor. Desde os tempos da infância, quando morava numa fazenda em Amparo, interior de São Paulo, o garoto Aquino já tinha a convicção de querer ser um escritor e, ao longo do tempo, foi amadurecendo a ideia até se tornar jornalista. Ele acreditava que o jornalismo o ajudaria com a sua escrita, com a arte de escrever e contar histórias e foi isso mesmo que aconteceu. Muitos anos depois dedicados ao jornalismo, resolveu que era hora de começar a publicar as suas histórias e o sucesso chegou cedo, pois seus livros foram bem recebidos pelos críticos e pelo mercado.

Aquino também contou como foi adaptar alguns dos seus livros para o cinema e a parceria que ele fechou com Beto Brant, na época, um iniciante e promissor diretor de cinema. Brant procurou Marçal Aquino na época para adaptar para o cinema um de seus contos, mas isso acabou não dando certo.

Certo dia, Brant ao visitar novamente o Marçal Aquino, se deparou com o livro O invasor que Aquino ainda estava escrevendo. Brant gostou da sinopse da história e propôs para o escritor interromper o desenvolvimento do livro naquele momento e elaborar um roteiro para um filme. O roteiro foi feito e o filme rodado. Depois Marçal terminou o livro alguns anos depois.

A parceria com Brant não parou mais. O último filme adaptado foi o romance Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, tendo um bom time de atores globais na produção que até poucos dias atrás estava em exibição nas salas de São Paulo. Por falar nesse livro, durante a palestra, Marçal Aquino contou como foi o processo de aceitação desse livro para publicação. Num primeiro momento houve uma grande rejeição por causa do longo título. Reticente, Aquino não aceitou "resumir" o título e brigou até o final. Acabou sem ser publicado... Até que na Festa Literária Internacional do Livro de Paraty (FLIP), um editor aceitou publicar depois de ele ter tido conhecimento da história e da dificuldade de Aquino obter uma editora que aceitasse o projeto.

Esse encontro com o escritor Marçal Aquino foi marcado por muitas risadas por parte de todos, ao escutarmos as histórias engraçadas contadas por ele. Muitas histórias... Que ocorrem nos bastidores de uma editora, num set de filmagem, no mercado literário e outras mais, que somente reafirmaram essa facilidade e esse poder de Aquino perceber o espaço ao seu redor e dele, retirar ingredientes para bons causos que se tornam depois bons contos com um grande sucesso de vendas.
Marçal Aquino e Manuel da Costa Pinto
Fonte: Alexandre Rapolli
Mais de 50 pessoas participaram da palestra. Partindo do palco, estou sentado na 2ª fileira, no 5º lugar da esquerda para a direita (cadeira laranja)
Fonte: Alexandre Rapolli

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