quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Um romance infantojuvenil, mas também para os adultos

Ainda não sabia ler quando eu peguei pela primeira vez em minhas mãos o livro O mistério do cinco estrelas escrito por Marcos Rey.

A capa com um prédio e a sombra de uma mão empunhando uma faca nele com o rosto de um garoto assustado no primeiro plano, me chamou a atenção (e alguns dizem por aí que uma capa não faz muita diferença num livro). Ao folheá-lo, lembro-me que fiquei por vários minutos olhando as figuras e, a partir delas, fui elaborando a história em minha mente.



Anos depois, já alfabetizado, tive a oportunidade de ler o livro. A história me fascinou pelos elementos de suspense, ação, aventura e de investigação policial, tendo como pano de fundo a cidade de São Paulo. Marcos Rey sempre foi um apaixonado pela cidade e de uma forma ou de outra, na maioria dos seus livros, buscou homenageá-la. O seu amor por São Paulo era tão grande, que ao morrer, a sua esposa, do alto de um helicóptero, decidiu jogas as cinzas de Marcos Rey sobre a cidade que sempre o inspirou a escrever.

O livro é direcionado para o público infantojuvenil, mas de forma alguma isso é um impeditivo para os leitores mais maduros apreciarem a história, que se desenrola de uma forma que prende o leitor pela atmosfera de mistério construída pelo autor.

Tudo começa com um corpo encontrado por um jovem mensageiro num quarto de um famoso e rico hóspede de um luxuoso hotel de São Paulo. Mas de quem seria aquele corpo? Qual o motivo dele estar ali, debaixo da cama de um homem rico e famoso? Alguém acreditaria na história contada por um jovem mensageiro?

A partir daí a história se desenrola de forma impressionante. Leo, o novato mensageiro do hotel resolve investigar por conta própria e faz descobertas incríveis que tornam a sua vida um verdadeiro inferno. A história, então, torna-se bastante tensa e isso é levado até o fim dela. Sempre fica a sensação de que algo surpreendente vai acontecer. A ansiedade e a expectativa leva o leitor a sempre querer saber mais e isso faz com ele devore os capítulos.

No livro autobiográfico de Marcos Rey, O caso do filho do encadernador3ª ed., São Paulo: Global, 2012, num trecho (p. 219) o autor comenta sobre o livro:

"Dois meses após o lançamento de O mistério do 5 estrelas, Anderson [dono da editora Ática] me comunicava: a primeira edição esgotava-se, já iam rodar mais 100 mil exemplares. Segundo alguns jornais, foi o best-seller daquele ano de 1981, e até os dias de hoje vendeu um milhão de cópias.

Grande vendagem não assegura que um livro seja bom; muitas vezes prova até o contrário. Mas no meu caso o êxito apontou-me um novo caminho e uma grande fonte de prazer. Passei a escrever anualmente um romance para a juventude".

Nessas férias resolvi reler o livro e também ler a autobiografia do autor (O caso do filho do encadernador) comprada no estande da editora Global no último dia da Bienal Internacional do Livro de São Paulo ocorrida no ano passado.

Foi maravilhoso reler O mistério do 5 estrelas. A cada livro que nós relemos, acabamos descobrindo uma nova história e elementos presentes na narrativa que anteriormente não havíamos prestado atenção. Nessa releitura, pude perceber o quanto o autor escreve de forma ágil, prática e de fácil entendimento. É uma linguagem simples, mas profunda. Num livro de apenas 128 páginas, o autor conseguiu construir uma história envolvente, sem sobressaltos, sem idas e vindas e descrições desnecessárias de ambientes e dos personagens. 

Também li, em seguida, o livro O caso do filho do encadernador, que é a autobiografia do autor. Conheci um pouco mais da vida desse criativo e profícuo escritor paulistano, que somente conseguiu, enfim, viver de literatura num país que se lê tão pouco, quando já estava próximo dos seus 60 anos. 

Morreu em 1º de abril de 1999, aos 74 anos e deixou uma grande variedade de outros romances adultos e infantojuvenis, crônicas e contos que eu pretendo ler. Enfim, é um escritor que ainda eu quero descobrir.

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